22.8.14

Amaram-se simplesmente...

Os minutos não importavam mais, as mãos anciavam o toque, os olhares gritavam mais alto que a noite, a janela foi testemunha dos leves toques que os lábios timidamente davam, na pressa que não existia nas línguas que se degustavam demoradamente. Que interessava o mundo se se tinham um ao outro, se a lua lhes deixava ver as sombras desnudadas... E as paredes foram cúmplices do crime que ambos desejavam há tanto tempo, o chão guardava as peças de roupa que foram ficando espalhadas. As mãos não tinham mais pudor em percorrer todos os recantos, todas as curvas que a língua perseguia de seguida. Ficava o rasto de saliva pelos contornos do corpo dela, extasiada, rendida, entregue aos comandos dele. E ele não se fez rogado saciava-se sem pressa, bebia-a lentamente, saboreando-a, engolindo cada gota que escorria dela. E ela era dele, só dele... por inteiro, de corpo e alma, sem muros, sem máscaras, sem medo... numa dança apenas deles, onde as mãos se exploravam, as bocas se davam a beber uma à outra, onde os cheiros, os sabores se misturavam e fundiam. Desgustavam-se, consumiam-se um ao outro como um vicio que não se quer largar mais, envevenavam-se a cada segundo que passavam juntos. Extrasiados intercalavam ritmos acelerados com repousos curtos. Vestiam apenas o desejo de serem apenas um só. O corpo dela descansava agora dentro do dele, entre abraços e carícias, em paz... sabendo que seriam minutos de repouso para o inicio de novas batalhas talhadas no amor que lhes enlaçava a pele, lhes arrepiava a alma. E ele percorria lentamente cada recanto do corredor em direcção ao cubículo onde se encontrava o coração dela. Pulsavam os dois em avanços e recuos, em inquietação desmedida, em sentimentos de profunda união. Davam-se sem quês nem porquês, sem motivos, sem se perguntarem porque se queriam tanto, ele desfazia-se em mimos e ela, ela derretia-se a cada movimento dele, obedecia-lhe cegamente, provocava-o, queria mais, nada lhe bastava. E ele dava tudo o que tinha, agarrava-lhe os braços e fazia-a dele, entrando-lhe pelas entranhas adentro, possuindo-a, nua de si mesma, despida de todos os pudores deixava-se amar... simplesmente...

8 comentários:

Imprópriaparaconsumo disse...

A simplicidade de amar assim não é para todos :))
Beijos enormes :)

Shiver disse...

Amar quase nunca é simples, mas quando o é,é brutal :)

Anónimo disse...

Sublime texto, fresco, "simples".

Anónimo disse...

Magnifico!

Sil disse...

Muito menos de sentir... é preciso não ter medo de se afundar no nada!



Beijo grande grande :)))

Sil disse...

Shiver, eu tenho a mania, só amo raramente... tem de haver algo mágico!

Sil disse...

Muito obrigado!
São apenas rascunhos de vida!

Sil disse...

É apenas uma bela conjugação de palavras inspiradas num sentimento forte, quiçá mágico...



Beijo gato selvagem