8.10.13

Saudade!

 
Era já tarde, a lua ía alta, cheia, redonda, brilhante, magnética, iluminava o sofá onde ela se tinha afundado... a televisão ligada, mas ela não lhe prestava atenção, a mente estava longe, tão longe que fechava os olhos na tentativa de se transportar até lá, onde ela se perdia nas sensações que almejava voltar a sentir. Era o inicio de outono, o ar estava fresco, e a tentação de acender a lareira era muita e a preguiça também, na memória moravam os momentos passados em frente a ela, os risos, os olhares cúmplices, as carícias, os sabores tragados e degustados a dois... e ela perdia-se pelo labirinto da memória, enquanto o corpo gritava por aconchego, pelo lembrado, pela ânsia de voltar a sentir, e esmagar as saudades... escorregou um dedo por debaixo da roupa e conduziu-o ao seu núcleo de prazer, estava quente, húmida, inchada de tanto desejo, molhou os dedos, e levou-os à boca, apenas sabiam a si, sem misturas, sem aromas extra, apenas o seu perfume favorito, o seu néctar precioso. Tinha os olhos fechados, e o corpo enfeitiçado pela lua que lhe beijava a pele macia, sentia-se a derreter nela mesma, queria tanto, que os dedos voltaram lá, rasgaram o desejo ao meio, abriram-na toda de modo a penetrar-lhe a alma adentro, queria morrer ali mesmo encravada em si mesma. Sentia-se endiabrada, louca, possuída, alucinava ao ritmo das hormonas descontroladas, encharcava-se no seu suor, queria preencher-se de si mesma. Enfiava um dedo, dois dedos, três em todos os buracos, sem restarem dúvidas de que nada mais havia para tapar, para evitar que as saudades voltassem a corroer-lhe a pele, o corpo, a mente, e a levassem à loucura, pretendia a cura, quando na realidade não havia, ela era a sua própria estrema unção numa morte tantas vezes executada, estava irremediavelmente condenada à morte, e sentia-se mais viva do que nunca. Sentia a vida a jorrar-lhes pelos dedos, a sair-lhe pelos orifícios cobertos de deleite, derretia-se em gritos e gemidos, acabava-se em sussurros apenas sentidos na mente, lidos de olhos fechados, atingindo o mais fundo de si! A lua continuava iluminada... e ela jazia ali, repousando depois de se ter matado!

8 comentários:

Herculano Garrano disse...

A lua...pode enfeitiçar as pessoas no melhor que têm de si...
Beijos do meu jardim...também teu...

Anónimo disse...

Exactamente! O gajo da foto domina a arte de bem enrabar...É exactamente assim, o procedimento!
Um beijo, gaja boa!
:))

Anónimo disse...

Nada consigo acrescentar depois de te ler. Um incêndio desses deixa marcas no corpo e na alma.
E a imagem? Perfeita :P
Um beijo "tontinha" :P

Sil disse...

A lua... a mente... as lembranças...
Beijos no teu (meu) jardim!

Sil disse...

Se tu dizes gajo do pinanço, eu acredito!
:)))




Beijoooooo gajo bom! ;)

Sil disse...

Há incêndios assim... e que nunca apaguem, adoro ser consumida!
eheheheheh


beijo na outra "tontinha" :P

Lynce disse...

Hummm...deixas-me o cacete a latejar...

Sil disse...

Tenho esse efeito......
:P