17.9.13

Urgências...


A noite já madrugava, o carro deambulava com os restos da noite lá dentro, na mente as provocações sentidas à pele, que lhe entraram pela retina adentro. Sentia-se morna, pronta a transformar-se em lava incandescente. Chegou ao seu destino, parou o carro, e tencionava embrenhar-se no branco dos lençóis, seus cúmplices de crimes nocturnos. Deixava-se embriagar pelo cheiro a mel, largou peça por peça no chão pelo caminho que percorria lentamente ao sabor da brisa que entrava pelas janelas, a preguiça abraçava-a, não queria mais nada, apenas deixar-se levar pela provocação que ainda sentia na pele que tinha sido molhada por ele. Ainda restavam pedaços da ressaca da ausência ao seu lado, mas ele fazia-se dentro dela, tão vivo, que as mãos não se continham em fazer o percurso por ele desejado. Incendiava-se lentamente, sentia-se a escorrer, sentia-lhe as mãos, a voz por dentro de si, incentivando-a a violentar-se, não conseguia mais abrandar a luxúria do veneno que lhe percorria as veias, e daí, também não o desejava fazer. Queria antes sentir-se toda preenchida, até a alma não se conter jamais. Arrebatava-se a ela, como ele lhe tinha imaginado fazer numa dança imprópria para menores. Alucinava com as queimaduras que sentia queimarem-lhe a alma. Sentia-se a derreter por dentro, retardava o culminar com todas as forças, sabia que o grito seria muito mais profundo, de um prazer inimaginado, e tentava desesperadamente deixar-se alucinar, e parava apenas alguns segundos, deixando-se perder nela mesma, e ao mesmo tempo, sustendo a respiração, ouvia-lhe a voz a comandar, e mais um balanço, e não ainda não desta.... devorava-se a si mesma na tentativa de saciar a fome que sentia corroer-lhe o corpo, e num gozo tão egoísta, quanto roubado aos minutos que devia às cama, deixou-se perder nos gritos, nos suspiros, nos gemidos, na lava que escorria de dentro de si, elevando-se uma e outra vez até o cansaço a levar para o mundo dos sonhos, fechando-lhe os olhos e deixando um sorriso estampado pela cama...

10 comentários:

Anónimo disse...

Delicioso sentir...

Beijos,menina linda :*

Shiver disse...

Isto é o que se chama fechar o dia ou a noite com chave de ouro.
Ainda não percebi se fiquei hipnotizado pelo texto ou pela imagem...

Vício de Ti disse...

Partilho na perfeição as " necessidades de um preenchimento" e as urgências que tomam conta de nós e que só se atenuam depois de as acalmarmos :) para mais adiante voltarem a surgir :)

Beijinhos :)

Anónimo disse...

...há provocações que têm um efeito devastador...

:)

Sil disse...

Há sim... difíceis de resistir...
:)

Sil disse...

São cíclicas as vontades, o desejo de sentir satisfeita a urgência que nos preenche.... e depois a calma...
:)))







Beijitos

Sil disse...

Há dias assim, inspirados....
Na volta foi com a imagem, acompanhada das palavras...
:)

Sil disse...

hmmmm
Sentir por aqui nunca falta!
Esse adjectivo fez-me lembrar alguém que usa muito essa palavra!
:))






Beijooooooo grande, menina linda!
Saudadinhas...

Ysl disse...

Gosto dessas urgências..
Beijo

Sil disse...

Coincidência... Também gosto!