Teasing ME

 

Eram perto das 18h, a temperatura acima dos 35 graus, a pele colava-se à roupa, o suor escorria-me pelo rosto em pequenas gotinhas. Calcei os saltos e sai do trabalho, olhei o meu carro, enquanto a brisa quente me lambia o rosto, e bateu, bateu aquela vontade de fazer do vontade a extensão do meu corpo. Sentidos em sentido, carreguei no comando, abri a porta, atirei a carteira para o lugar do morto, entrei, e senti-me a sufocar ainda mais com o calor que havia dentro do carro. Subi a saia até às cuecas, dei à ignição, abri os dois vidros, senti de imediato a mesma corrente quente a atravessar-me a pele descoberta dos ombros. Liguei a música, e subi o volume do som... Arranquei dali para o meio do trânsito, onde gosto de vê-los ficar para trás, de os deixar a reclamar com as manobras, de os fazer sentir picados a acelerar para me seguirem. A esta altura já o cabelo se tinha emaranhado todo no meu rosto, e uns quantos condutores sido ultrapassados, outros retidos no vermelho do semáforo que deixava para trás. Uma mão no volante, e outra na manete de mudanças, e gosto de o ouvir roncar nas travagens e da adrenalina de o fazer chegar acima dos 100km em segundos. Da boca saia a letra da música, olhos nos espelhos, no retrovisor, pés sintonizados, as curvas, os cruzamentos, as rectas somavam-se em poucos minutos, acelero, paro, arranco, ultrapasso um, dois, três... volto à faixa da direita, volto a acelerar, passo à tangente, volto à acelerar, o trânsito começa a intensificar-se e os sentidos apurados mais do que nunca, porque um descuido e pode não correr bem, o mundo deixou de existir, apenas eu e o meu volante, esvazio totalmente a mente, naquele momento apenas existo, respiro, sinto o vento, ouço a musica em modo repetido no mp3... e era a vez do túnel, transgrido e não acendo as luzes, faço-o todo na faixa da esquerda, e aquele frio delicioso no estômago quando acabo de subir a lomba antes da curva e ter de parar para dar prioridade aos que circulam dentro da rotunda. Feel free...